SALVEI UM ANIMAL
Rio de Janeiro, RJ – Brasil
Relato: 10 de outubro de 2014
Encaminho cópia de uma poesia de inspiração do Flávio, meu marido, que retrata o quanto sentimos a perda da nossa amadíssima cadela “BRANCA”, resgatada da rua, que, durante cinco anos e meio, nos ensinou o que é amor e amar.
Branca,
Você me demonstrou e provou que o que os humanos chamam de amor, não é amor…
Você me demonstrou e provou que amar é por si só o bastante e o suficiente para amar
Ou seja, você demonstrou e provou para mim, que o ato de amar encerra-se em si mesmo.
Amar não vai além do próprio amor e do amor próprio, não está em nada mais e nem pode estar, além do amar e do amor.
Você me demonstrou e provou que amar, verdadeiramente, é como respirar.
É como o pulsar do próprio coração.
É como o sangue circulando pelo corpo.
É como a luz que emana das estrelas.
O amor que você me demonstrou e provou existir, acima de tudo, está contido nele mesmo (no simples ato de amar).
O amor que você me deu e me provou existir, não dependia da minha reciprocidade.
O amor que você me deu não estava em mim, que recebi seu imensurável amor.
Estava em você me amar e me dar; em voce me disponibilizar todo o seu amor.
Coube-me perceber e me disponibilizar para receber seu imensurável amor.
Que dependia unicamente de eu estar capacitado, habilitado e apto para recebê-lo, tanto quanto eu fosse capaz.
E você sempre me deu muito mais amor do que fui capaz de absorver.
Você me demonstrou e provou que quem imagina, idealiza que amar tem algo além do próprio ato de amar, ainda não sabe e não aprendeu o que realmente significa amar e o que é amor.
Voce me demonstrou e provou que tudo que aprendemos e nos é ensinado sobre o amor e o amar – não é amor e nem é amar plenamente.
Você me demonstrou e provou que amar é plenitude. Amar é subliminar. Amar é transcender. Amar é, em si, um ato de contínua, ininterrupta e de infindável dádiva.
Amar é somente amor, nada mais do que amor.
Você me demonstrou e provou que amar não é corpóreo (não é matéria).
Que amar, verdadeiramente, é um ato exclusivo da alma, que se satisfaz única e exclusivamente em amar.
Você me demonstrou e provou que somente os espíritos mais elevados e desprendidos, são capazes e felizardos em amar como você me ensinou – o amor.
Você me demonstrou e provou que se pode amar qualquer coisa, qualquer ser, amar o nada (amor puro – universal – amor em estado latente).
Você me demonstrou e provou que amor e egoísmo não podem coexistir.
Branca, sua morte não pôs fim a sua vida.
Você renasceu e viverá sempre em mim e em outro plano.
É inconcebível que um ser tão iluminado como você – pura luz, amor e energia – possa deixar de existir –desaparecer- sumir – inexistir.
Acredito na sua transformação, transcendência, mutação, metamorfose…
Se existe anjo, fada – certamente você permanecerá existindo.
Flavio – 10/10/2014
Imagens das caminhas de nossos cães.